sábado, 6 de dezembro de 2008

Em Maior Encanto...

Em meio a táis frivolidades, escutas um coração incoeso
que vagueio pelo solo alubriado de crespas folhagens
sinto na pele interna da mente o calor pulsante da vida
mais aqui fora só sais e tristeza vislumbram o ar,
tenho a audácia de gritar com tais gigantes de extrema força
mas corroe o medo de sentir o esbofetiar da inexperiência
caminho o mesmo chão, dia após dia, e nada além de futuro vejo
vago e obscuro, mais vejo,
O ver é assim: entercalado com o insconstante e voraz,
indisciplinado e cegante, corado e roçante, intrigante
Já lutei varias guerras, mais essa não quero ganhar
nem quero perder pois bravo não é se esquivar da verdade
é deixar que ela não perpetue a iniquidade e o caos!
"Amor à Amados"

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Recomendação

Eu precisei vir aqui fazer uma recomendação pra vocês.
Pra quem ainda não sabe eu tenho essa mania esquisita de ir ao cinema sozinha. E ontem, numas dessas minhas tardes solitárias precisei encher o peito de algum amor. Decidi ir ao cinema. Ver Romance. Fiquei apaixonada.
A história de Tristão e Isolda bate na alma da gente. É triste. Mas é lindo. E o filme conta essas bonitezas (e outras) com uma metalinguagem de fazer emocionar de tão delicada.
Tem teatro. Tem novela. Tem cinema. Tem romance...
Recomendo esse filme. Para que vocês também encham o peito de algum amor.

sábado, 1 de novembro de 2008

O Grito dos que não têm voz

Zé do Burro: sertanejo (ou catingueiro) pobre, humilde e ignorante. O típico retrato de um homem sem voz, sem atenção e principalmente: sem respeito. Portador e arauto da cultura do miscigenado, duma religião multicoloria com toques de atabaque direcionados ao altar do “Seu Vigário”, que não entende o panteísmo tupiniquim da cabeça do matuto que vê os animais como irmãos, dos santos caseiros que tornam-se deuses primitivos de estupenda força elemental só para por a prova sua fé!
Até uma determinada distância do perímetro urbano, esta cultura heterogênea e o viver religioso, que se dá de forma individual, é respeitada: cada um tem seu jeito próprio de falar com Deus e por onde Zé do Burro passa reafirma para as pessoas, independente da concepção religiosa, a única coisa em que elas podem confiar na vida: a própria fé! Antes de Salvador tudo tem sentido, o caminho é plano e a cruz... “nem pesa tanto assim”. Todos o compreendem, pois fariam o mesmo se fosse com algum deles. E até aqueles que o endeusam sabem que ele não passa de um matuto qualquer, que se torna divino única e exclusivamente pela própria fé. A cada lembrança de um relincho ou do trotar de cascos os passos ficam mais firmes e os ânimos se revigoram. Mas ao adentrar a zona urbana, tudo muda: a cruz agora é bem mais pesada. Quem passa por ele sempre pendura algo em sua cruz: um cordel de um poeta de rua, o letreiro da fachada de um bar, o lenço perfumado de uma rameira, o cordão de ouro de um cafajeste, uma página de jornal escorrendo sangue, o berimbau dum capoeira, o distintivo de um policial, o caruru duma baiana e por ai vai...é o grito dos que não têm voz! Cada um com seus próprios motivos projetam em Zé do Burro suas esperanças, angústias, revoltas, para serem vistas, ouvidas e sentidas por aqueles que os dominam. Ou então projetam sua ganância, oportunidade de atingir (ou exercer) o poder, de massagear o próprio ego. Todos que vêem ou ouvem Zé do Burro estão prestando atenção em si mesmos. A fé não é levada em consideração, tudo é jogo de poder, todos ao redor são pusilânimes, germes excluídos da doença urbana causadas por eles mesmos, sejam eles justos ou injustos.
Zé do Burro grita com todo este peso em suas costas. Mas no fim os gritos se calam, nada mais tem sentido, nada importa, apenas a fé. A morte não é o fim, mas apenas o começo: é quando o coração se abre e todos os véus que ofuscam a visão tombam, nada era o que parecia e a verdade vem a tona, ninguém é salvo, ninguém é condenado. Zé do Burro, o mundo só o ouviu em seu silêncio. Os gritos cessaram, mas o eco de sua voz, Zé do Burro, será ouvido para sempre.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Aos navegantes

Em um post anterior, a Pipa nos chamou a atenção quanto aos novos parceiros linkados na seção Em outros palcos. Agora sou eu quem avisa aos marinhos da casa que, daqui em diante, todas as postagens que contiverem fotos deverão receber devido marcador, para constar na nova seção O palco de nossas imagens. Assim, dentro das possibilidades do blog, criamos um arquivo de imagens, inclusive para os trabalhos passados, como lembrou nosso diretor. Desse modo, temos a oportunidade de apresentar-mos ao público, um pouco do trabalho desenvolvido pela Cia nesses anos de existência.

Beijo à todos.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Um carinho...

Gente, recebemos um carinho do nosso querido "diretor sensível e premiado":


" Hoje eu lavei a alma!

Mais uma vez, pudemos reafirmar a solidez e a importância do trabalho desenvolvido pela Cia Móvel de Teatro do Uni-BH.
A comunidade acadêmica, além de alguns convidados especiais, amigos, companheiros de labuta, ex-integrantes, acolheram, mais uma vez, nosso novo espetáculo "O Pagador de Promessas", com palmas entusiasmadas. Respiraram junto com a gente o tempo todo.
Mais do que isso: acompanharam a "Via Crucis" do Zé e nem suspeitaram, pelo menos a maior parte do público, que sempre lidamos com entreveros, imprevistos. Perceberam, sim, que sempre transformamos tudo em arte.
E como.
Salve, salve, Leandro! Você se reencontrou no grupo; mostrou que seu tempo na Cia Móvel está só começando. Hoje você merece o nosso beijo especial, o nosso aplauso, o meu reconhecimento! E para todos os demais móveis, meus queridos Rômulo, Pipa, Fernanda, Ana, Erasto, Débora, Henrique e Thiago, compartilho a alegria de vê-los em cena, fortes, determinados, extrapolando com precisão as amarras que tolhem o não eleito e vestindo a camisa das personagens com o sabor que cada uma delas merece.

Viva Dias Gomes, viva este encontro tão prazeroso que ainda vai render outros tantos projetos maravilhosos.
bj carinhoso do diretor,

Luiz Arthur."

El grandioso Ney!


O Ney tem sido gente boa conosco. Nos recebendo com carinho e sempre de bom humor, apesar do stress em dia de apresentação.
Hoje também é dia de Pagador, e como de costume, mais surpresas e imprevistos para o grande dia. Devo dizer que estou com um frio na barriga desconfortável, já que meu companheiro de cena não estará presente. Mas a substituição foi bem feita e isso me deixa menos insegura.
Mas com a Cia Móvel, tudo acaba dando certo.
Viva o Ney!
Merda pra gente!!!

domingo, 19 de outubro de 2008

Cantinho especial

Nessa casa tem quatro cantos...
E um dos cantos, o "Em outro palcos", está crescendo.Passe os olhos por lá e aproveite para visitar outros cantinhos de trabalhos super legais de turminhas super bacanas.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

FID 2008

Bom galerinha, vem ai a nova edição do FID - Fórum internacional de dança.
Acontece de 19 de outubro a 2 de novembro, em diversos espaços da cidade.
Vale muito a pena conferir, este que já é um dos acontecimentos mais significativos do nosso escasso calendário cultural belo-horizontino.
E o melhor da brincadeira: ingressos a r$ 2,00 inteira. Imagine a meia.

A programação completa está aqui:

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Coleção



Enquanto me preparava para ser a Galega, tive que fazer algumas pesquisas para resolver como seria a personalidade da personagem. Tinha tempo que assisti Volver, de Pedro Almodovar. Resolvi vê-lo novamente e me inspirar nesta belissima atuação da Penelope Cruz. Acho que essa cena retrata bem o jeito Galega de Ser. E com certeza isso faz parte da nossa coleção de experiências.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Indiferença à parte



Acho que aprendi com “O pagador”. No teatro a gente sempre aprende. Mas o que mais me tocou foi a descoberta de uma mensagem até então subliminar para mim, que já conhecia a história. Fazendo a Galega, participando de todo o processo criativo do contexto e vendo surgir o caráter te todos os outros personagens, percebi algo diferente.
Aprendi que “O pagador” não é apenas uma crítica à um país preconceituoso e cheio de seus sincretismos, sendo que na verdade mesmo, a fé acaba sendo uma só. É também uma oração, um apelo, para que nós, homens e mulheres, façamos a nossa parte sem impedir que o outro também faça a dele.
O comerciante quer ganhar dinheiro. A Beata quer puxar o saco do padre. O Padre quer defender a igreja. A puta quer o mínimo de decência. O Bonitão (da bala chita) quer tirar vantagem. A Rosa quer ser uma boa esposa. O Zé quer pagar a promessa... e por aí vai. Todo mundo exercendo sua função. Não julgo certo ou errado. Ser objetivo é cumprir sua função.
Então vem “O pagador” pra me fazer pensar. O mundo é esse mesmo. Cada um no seu lugar, cada um no seu quadrado. E são nossas atitudes que fazem a diferença. Que nos tornam diferentes.
Diante desse pensamento e ainda enquanto pesquisava a persona da Galega, deparei-me com a musica da Mercedes Sosa:


Solo Le pido a Dios.

Solo le pido a Dios
Que el dolor no me sea indiferente,
Que la reseca Muerta no me encuentre
Vacia y sola sin haber hecho lo suficiente.

Solo le pido a Dios
Que lo injusto no me sea indiferente,
Que no me abofeteen la otra mejilla
Después que una garra me araño esta suerte.

Solo le pido a Dios
Que la guerra no me sea indiferente,
Es un monstruo grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente.


Solo le pido a Dios
Que el engaño no me sea indiferente
Si un traidor puede mas que unos cuantos,
Que esos cuantos no lo olviden facilmente.

Solo le pido a Dios
Que el futuro no me sea indiferente,
Desahuciado esta el que tiene que marchar
A vivir una cultura diferente.



Que nossas atitudes não sejam indiferentes!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Detalhes tão pequenos de nós todos

O poder da transformação, da incorporação, da vivência, do experimento, da interpretação. És pagador, nordestino, puta, senhora, beata, comerciante, estrangeiro, rimador, repórter, seu polícia, padre. Turista de si mesmo. A coragem não pode faltar. Esta não pode. Me pergunto sobre o público pois tenho dúvidas a meu respeito. Acreditam em mim? Acreditam no que digo? Chegam céticos ou de peito aberto? São cretinos o bastante? Ou simpáticos por demais?
Publiquei algo parecido no E tudo e tal, passada à apresentação de Sabará. Não que isso seja uma cópia descarada sem nenhum propósito ou com o puro propósito de postar por postar. Só que devido as circunstâncias da apresentação de ontem à noite, quando o nervosismo parecia imperar de forma pouco experimentada por mim, as mãos que tremiam e a coluna que doía, ou quando pela limitação vocal de outro companheiro (Mol), ou quando pela grandiosíssima vontade de todos que tudo coresse bem e de forma satisfatória, concluí que nesse momento seria bem aproveitado por aqui.
Bom, as respostas surgem em forma de cumprimentos, de abraços e de felicitações. O coração acalma e todo o corpo. Passado algum tempo, éis que a maior de todas. A resposta do nosso diretor aparece, e mais do que nunca, nos vemos ali, firmados em trato de comunhão e de companherismo.
"O público reagiu de forma intensa, riu, ficou atento, bateu palma, ovacionou! É isso aí. A gente segurou o povo na mão. Quando isso acontece, cá entre nós, é muito bom.Parabéns pelo trabalho, pelo sucesso, pelo reconhecimento, pela união. Vamos em frente!"
Vamos em frente. Afinal, seja ele qual for e como for, o público nos espera.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

"Galegria"

“Solo voy con mi pena…” E a Galega entra em cena, sozinha, ao som do violão.
Como foi difícil cantar no tom desta vez. Quando a gente fica nervosa treme tudo. A voz principalmente. E os agudos de Besame mucho?!?! Achei que não ia dar conta. Mas tudo foi tão lindo. Platéia linda. Casa cheia.
Foi divertido fazer “O pagador” dessa vez. Mas do que as outras. A platéia interagiu legal. O riso estava solto. E da coxia a gente falava “Meu Deus, esse povo ta rindo do que?!”. Hahaha. Mas foi bom. Foi ótimo!
Desta vez a mesa não caiu, o banquinho não virou (e me deu pé direitinho), não tivemos dedos quebrados. E o Décio ainda faturou uma graninha com a senhora da platéia! Ah Rapaz, agora você não me passa pra traz com “esta historia de hacer versos”.
Olha, eu não sei vocês, mas sempre que eu subo num palco tenho vontade de fazer isso pro resto da vida. É uma delícia!



Quando a gente entra, entramos pra arrazar!!!



Ps: Queria agradecer a minha querida Helen, amiga que foi lá prestigiar a gente e que tirou umas fotos bacanudas!!! Obrigada!!!!

E viva o Ney!

Hoje é o grande dia! Finalmente apresentaremos no Teatro Ney Soares com direito a luz e novas marcações. (Frio na barriga, hein?!)

Mas é isso. O Ney estava ancioso para nos receber da forma que merecemos!

Viva o Ney!

Merda pra nós!!!

domingo, 5 de outubro de 2008

Tim-Tim

Olhem, talvez isso seja surpresa até mesmo para alguns Móveis. Surpresa boa, é claro.
Mas a iniciativa surgiu ao acompanhar alguns blogs de pessoas queridas que também fazem teatro. Eles levam mais a sério. A gente pensa que leva. No entanto, acredito que a paixão seja a mesma. Ou quase.

Pensei que se está fazendo por necessário a criação de um espaço nosso. Para compartilharmos impressões, gostos, desgostos. Um espaço para aguçar nossas criatividades... Enfim, um espaço pra gente ser, mais uma vez, um grupo. Por que isso a gente sabe ser.

A idéia é essa, minha gente! Aqui o espaço fica aberto pra todo mundo que quiser dizer o que pensa e o que não pensa. Se não pudéssemos falar, para que nos serviria o teatro, não é mesmo?!

Falem, falem, falem...

E espero que você, leitor, se divirta com a gente!
Abraço e vida longa ao nosso blog!
Tim-tim!